quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Grelha de Observação de Imagem Fixa


 
... " Quero dormir e sonhar
um sonho que em cor me afogue:
verdes e azuis de Renoir
amarelos de Van Gogh." ...
António Gedeão
(1956)

IDENTIFICAÇÃO DO DESTINATÁRIO
Disciplina: alunos de Português
Ano: 8º

OBJETIVO DA ANÁLISE
Intencionalidade comunicativa - contactar com outras manifestações estéticas (pintura, escultura, música, artes decorativas, arquitetura)
Ler textos e imagens de natureza variada:
Refletir criticamente sobre documentos selecionados:
- Interpretar imagens
- Imaginar possibilidades narrativas sugeridas pela imagem
- Realizar inferências a partir de dados iconológicos
- Ler na pista de um ou vários pormenores.
In Programa de Português (8ºano)

ANALISE A IMAGEM EM FUNÇÃO DOS TÓPICOS QUE SEGUEM

        Tipo de imagem


Fotografia

Nome: At the Dandora Dump

Autor: Micah Albert
Prémio: World Press Photo - Contemporary Issues , 1º prémio - 2013

        Assunto
A maior lixeira do mundo a 8 km de Nairobi, capital do Quénia.
Iniciada em 1975, a lixeira deveria ter sido encerrada após quinze anos de existência, segundo leis internacionais. Continua a ser utilizada apesar de ter sido considerada repleta em 2001.
        Elementos que compõem a imagem
(contemplação estética)

Em primeiro plano, uma rapariga, de boné, sentada sobre um saco de lixo segura um livro/revista.
A roupa que veste é andrajosa, descoordenada e está suja.
À sua volta encontram-se mais sacos cheios de lixo.
O solo não é visível, coberto de vários tipos de resíduos espalhados.
Em segundo plano, atrás da mulher, uma vegetação rasteira, amarelada, cobre a terra seca pejada de detritos.
Duas torres sobressaem na distância.
Como pano de fundo, o céu nubloso, em tom de chumbo.
       Carga simbólica
(empatia estética)
A imagem da lixeira é repulsiva, um símbolo da degradação social do mundo contemporâneo: o consumo excessivo, o desperdício; a falta de soluções para lidar com os resíduos.
O chão coberto de toda a espécie de lixo (tecido, plástico, papel, borracha, metal), a ausência de luz e a vegetação amarelada e seca transmitem-nos o horror de um planeta em vias de extinção.
A distância relativamente a um qualquer centro civilizado, simbolizam a indiferença perante o horror da poluição ambiental.
A serenidade tranquila da rapariga que, indiferente à imundice do local, consegue apreciar um livro ou revista, é o único sinal vivo na paisagem. As cores claras de alguma da sua roupa fazem sobressair a sujidade da mesma. O facto de o saco onde ela está sentada ser azul pode remeter-nos para a esperança e para o pensamento, pois simboliza, muitas vezes, o ideal e o sonho. O ar descontraído da jovem contrasta com o seu ar de pobreza e de miséria, reveladores de carências de bens e serviços essenciais. É a imagem da exclusão social e da desigualdade. 
       Funções da Imagem:
1.      Função estética
2.      Função referencial e descritiva:


3.      Função narrativa



4.     Função argumentativa
1.      Há a presença de um belo/horrível; do prazer e da repulsa; a fruição da serenidade da jovem lendo, apesar do ambiente horrível que a rodeia.
2.      A função da fotografia é provocatória. É um testemunho de acusação de uma realidade que não deveria existir. A poluição à escala global, que vai destruindo a natureza e colocando em risco o próprio Homem; a pobreza extrema dos que vivem sem direitos, à margem da sociedade.
3.      É a narrativa de uma sociedade global, que permite que lixeiras, como esta, existam e sejam o modo de vida de alguns. Não é possível que o governo e a sociedade estejam tão alheios a este problema que é de todos. Somos nós que produzimos o lixo e devemos dar-lhe o destino adequado, de forma a preservar os recursos naturais. A erradicação da pobreza e da fome é um dos objetivos de Desenvolvimento do Milénio a cumprir até 2015.
4.     A imagem pretende persuadir entidades políticas e sociais a enfrentarem esta realidade e a tomar medidas que a erradiquem. É um apelo: mais do que normas, é necessário uma educação ambiental, mais do que leis, é necessário atitude, mais do que portarias, é necessário vontade.
       Relação do facto com o seu modo de representação
A fotografia captou o isolamento de uma jovem, a sua aceitação tranquila do ambiente degradado que a rodeia; a coleção de resíduos, onde predomina o tom cinzento e o preto da roupa, dos sacos, do lixo, do céu, como metáfora de morte, de pobreza e miséria social. Convém mencionar que a integração da figura feminina na lixeira propicia a expressão do dramatismo do tema e a transmissão de emoções fortes.
A fotografia é um manifesto contra a poluição e a miséria social, a doença da economia global, à qual o seu autor não será de todo indiferente.



At the Dandora Dump

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O poder das imagens

A JANELA DE ESQUINA DO MEU PRIMO de Ernst T. Hoffmann: a partir do diálogo entre dois meninos sobre uma praça, o leitor acompanha o vaivém de pessoas ora a partir de aspectos particulares, ora em sua totalidade (caso da imagem acima, uma a visão panorâmica do local

 

"Para que serve um livro sem figuras nem diálogos?", perguntou-se Alice, entediada, pouco antes de decidir seguir o Coelho Branco até o País das Maravilhas. Quase cento e cinquenta anos depois (o livro de Lewis Carroll foi publicado pela primeira vez em 1865), as imagens continuam centrais para a conquista de jovens leitores - tanto que, ao longo dos últimos anos, elas vêm desempenhando papel cada vez mais relevante nas narrativas infantojuvenis.

A importância da ilustração e do projeto gráfico, constatável empiricamente em qualquer visita às livrarias, é confirmada por editores e pesquisadores, que apontam a diferença entre o livro com ilustração (aquele em que a imagem é apoio, apenas reforçando o que diz o texto) e o livro ilustrado, no qual ou se prescinde da palavra escrita ou ela atua juntamente com a ilustração.
O livro ilustrado - também chamado de livro-ilustrado, livro de imagem ou, em Portugal, álbum - não é, em si, uma novidade. Encontram-se antepassados seus nos séculos 18 e 19. O livro inclinado e O livro do foguete , de Peter Newell, exemplos de interação entre conteúdo e suporte, foram publicados pela primeira vez em 1910 e 1912, respectivamente; Maurice Sendak lançou Onde vivem os monstros , um dos clássicos do gênero, em 1963. No Brasil, Ziraldo publicou o famoso Flicts em 1969; em 1976, foi a vez de Juarez Machado apresentar o seu Ida e volta , e desde a década de 1980 Eva Furnari e Ângela-Lago vêm produzindo  livros com pouco ou
nenhum texto.

O que há de novo, hoje, é a quantidade de livros de imagem disponíveis (um fenômeno que se insere, e é importante destacar, em um crescimento geral da indústria do livro infantojuvenil) e o status que eles vêm conquistando. Recentemente, esses deixaram de ser apenas porta de entrada para o universo das letras e tornaram-se reconhecidos como literatura. O ilustrador, agora, não é apenas um profissional contratado para prover as "figuras" de uma história alheia: ele tem o mesmo peso do escritor, cria com ele ou é o único autor do livro. Na esteira desse movimento, o livro de imagem vem se consolidando também como campo de estudo nas universidades.

 in: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/170/o-poder-das-imagens-234958-1.asp

 

A Janela da Esquina do Meu Primo

E. T. A. Hoffmann 
 
Escrito em 1822, sob encomenda da revista literária O Observador, A Janela da Esquina do Meu Primo introduziu o conceito de multidão na literatura ocidental, aspecto que influenciaria nomes como Poe, Baudelaire e Balzac. De cunho autobiográfico, o conto narra as impressões de um escritor que, vítima de uma doença crônica, vive preso em seu apartamento. Sua única janela para o mundo era aquela de onde se podia observar a grande Praça Gendarmenmarkt, em Berlim. A partir do olhar perspicaz de Hoffmann, assistimos aos tipos que frequentam a praça, bem como às situações vividas por eles. A presente edição conta com posfácio de Marcus Mazzari e ilustrações de Daniel Bueno.

 

A Imagem como objeto de ensino


G1aucia Muniz Proença LaraUFMG-FALE-
Universidade Federal de Minas Gerais

http://seer.fclar.unesp.br/casa/article/view/4423/3917

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Guardian picture editors' favourite photos of 2013

Iniciando o novo tema desta UC dedicado à leitura de imagens, deixo e seleção, muito especial, das fotos que o jornal The Guardian e o The Observer selecionaram do ano agora findo. As  imagens são acompanhadas de uma interpretação.

From the stoic victims of a devastating typhoon in the Philippines to a young football supporter bellowing from the sidelines, here are the standout pictures of the past 12 months as chosen and reviewed by the picture editors of the Guardian and the Observer.

http://www.theguardian.com/world/audioslideshow/2013/dec/31/picture-editors-favourite-photos-2013