sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

O poder das imagens

A JANELA DE ESQUINA DO MEU PRIMO de Ernst T. Hoffmann: a partir do diálogo entre dois meninos sobre uma praça, o leitor acompanha o vaivém de pessoas ora a partir de aspectos particulares, ora em sua totalidade (caso da imagem acima, uma a visão panorâmica do local

 

"Para que serve um livro sem figuras nem diálogos?", perguntou-se Alice, entediada, pouco antes de decidir seguir o Coelho Branco até o País das Maravilhas. Quase cento e cinquenta anos depois (o livro de Lewis Carroll foi publicado pela primeira vez em 1865), as imagens continuam centrais para a conquista de jovens leitores - tanto que, ao longo dos últimos anos, elas vêm desempenhando papel cada vez mais relevante nas narrativas infantojuvenis.

A importância da ilustração e do projeto gráfico, constatável empiricamente em qualquer visita às livrarias, é confirmada por editores e pesquisadores, que apontam a diferença entre o livro com ilustração (aquele em que a imagem é apoio, apenas reforçando o que diz o texto) e o livro ilustrado, no qual ou se prescinde da palavra escrita ou ela atua juntamente com a ilustração.
O livro ilustrado - também chamado de livro-ilustrado, livro de imagem ou, em Portugal, álbum - não é, em si, uma novidade. Encontram-se antepassados seus nos séculos 18 e 19. O livro inclinado e O livro do foguete , de Peter Newell, exemplos de interação entre conteúdo e suporte, foram publicados pela primeira vez em 1910 e 1912, respectivamente; Maurice Sendak lançou Onde vivem os monstros , um dos clássicos do gênero, em 1963. No Brasil, Ziraldo publicou o famoso Flicts em 1969; em 1976, foi a vez de Juarez Machado apresentar o seu Ida e volta , e desde a década de 1980 Eva Furnari e Ângela-Lago vêm produzindo  livros com pouco ou
nenhum texto.

O que há de novo, hoje, é a quantidade de livros de imagem disponíveis (um fenômeno que se insere, e é importante destacar, em um crescimento geral da indústria do livro infantojuvenil) e o status que eles vêm conquistando. Recentemente, esses deixaram de ser apenas porta de entrada para o universo das letras e tornaram-se reconhecidos como literatura. O ilustrador, agora, não é apenas um profissional contratado para prover as "figuras" de uma história alheia: ele tem o mesmo peso do escritor, cria com ele ou é o único autor do livro. Na esteira desse movimento, o livro de imagem vem se consolidando também como campo de estudo nas universidades.

 in: http://revistaeducacao.uol.com.br/textos/170/o-poder-das-imagens-234958-1.asp

 

A Janela da Esquina do Meu Primo

E. T. A. Hoffmann 
 
Escrito em 1822, sob encomenda da revista literária O Observador, A Janela da Esquina do Meu Primo introduziu o conceito de multidão na literatura ocidental, aspecto que influenciaria nomes como Poe, Baudelaire e Balzac. De cunho autobiográfico, o conto narra as impressões de um escritor que, vítima de uma doença crônica, vive preso em seu apartamento. Sua única janela para o mundo era aquela de onde se podia observar a grande Praça Gendarmenmarkt, em Berlim. A partir do olhar perspicaz de Hoffmann, assistimos aos tipos que frequentam a praça, bem como às situações vividas por eles. A presente edição conta com posfácio de Marcus Mazzari e ilustrações de Daniel Bueno.

 

Sem comentários:

Enviar um comentário